segunda-feira, 16 de julho de 2007

Opel Rekord C- O pai do Opala !


Em 23 de novembro de 1966, em uma entrevista coletiva à imprensa no Clube Atlético Paulistano, na capital paulista, a GM anunciava o início do projeto 676, a semente do futuro Opala Brasileiro.

Embora diferente nos faróis e pára-choques, o Rekord C de 1967 evidencia a origem do Opala; este modelo é o sedã de duas portas, com o mesmo perfil de teto de nosso quatro-portas.

Sucesso na Europa O primeiro Rekord surgia da fábrica da Opel em Rüsselsheim, Alemanha, em 1953, como uma versão do Olympia, modelo médio de 4,24 metros de comprimento e motor 1,5-litro. O nome passava a ser usado isoladamente em 1955, mantendo o porte e a cilindrada, mas após dois anos surgia a geração P1, maior ( 4,43 metros ) e com opção entre 1,5 e 1,7 litro . Em 1960 vinha o Rekord P2, ainda mais amplo ( 4,51 metros ); três anos depois, o Rekord A, de mesmo comprimento, com opção de motor seis-cilindros de 2,6 litros ; e em 1965 o modelo B, que adicionava o quatro-cilindros de 1,9 litro .

No Rekord cupê,o perfil alongado que só veríamos em 1971; os motores do modelo alemão tinham cilindrada de 1,5 a 2,2 litros , este de seis cilindros.
Somente em agosto de 1966 era introduzido o Rekord C, com a carroceria que os brasileiros conhecem tão bem, embora diferente nos faróis, lanternas e pára-choques. Oferecia versões sedã e perua de duas e quatro portas (o sedã de duas portas tinha o mesmo perfil de teto do quatro-portas), além do cupê, e ampla variedade de motores, todos menores que os daqui: 1,5-litro de 58 cv, 1,7 de 60 cv e de 75 cv, 1,9 de 90 cv e, a partir de 1967, o 2,2 de 95 cv, apenas este com seis cilindros em linha.

Curioso é que todos tinham o mesmo curso de pistão ( 69,8 mm ), igual ao do 3,0-litros que surgiria aqui em 1992 no Omega -- está explicada sua origem? Também em 1967 vinha o cupê Sprint, com dois carburadores duplos no motor 1,9 e 106 cv. Essa geração ficou no mercado até dezembro de 1971, com produção total de 1.274.362 unidades. O modelo seguinte, Rekord D, foi até 1977 e o último, E, até 1986, quando a Opel optou por trocar a denominação por Omega.


A perua Rekord Caravan de cinco portas: opção estudada pela GM brasileira, mas que acabou não sendo produzida aqui.

Video de um teste de Slalom com um Rekord Coupe:


domingo, 15 de julho de 2007

Vw Sedan 1966 com motor V8


Conheça esta máquina, motor V8 de Maverick 5.0, na dianteira de um Fusca!

A cena pode ser considerada, no mínimo, patética. Você pára em um farol e, de repente, ouve o ronco característico de um motor V8 ao seu lado. Olha, olha, e não vê nada, apenas um modesto Fusquinha 1966 com a pintura manchada e equipado com umas rodas estranhas. Com certeza, o ronco não pode vir dele. De repente, o sinal abre, e o tal Fusquinha vai embora, acelerando como um carro esportivo. E não adianta tentar alcançá-lo; com certeza, havia algo de muito estranho naquele carro de aparência modesta.

Afinal, trata-se de um veterano Fusquinha equipado com motor Ford 302 V8 de Maverick, numa solução bem interessante. Como o motor fica na dianteira e o radiador na traseira, a aparência externa do Fusca quase não foi alterada, e por isso muitos se surpreendem não só com o ronco, mas também com a aceleração de zero a 100 km/h (menos de sete segundos) e velocidade máxima (próxima aos 200 km/h).

Um Fusca V8 (motor de 4.949 cc e quase 200 cv, a gasolina) não é ficção. O Fusca V8 realmente existe e foi descoberto, em São Paulo. Pertence a Paulo Maria Ribeiro, um engenheiro de São Paulo (SP) apaixonado por mecânica e por adaptação de motores atuais em carros antigos (hot rods e street rods). E dele, por sinal, um notável Gordini com motor V8 colocado em posição central que por muito tempo foi uma espécie de "cartão de visita" de seu trabalho. Porém, resolveu vendê-lo e partir para outro projeto, tão ou até mesmo mais complicado que aquele: um Fusca com motor V8 colocado na dianteira!

O primeiro passo foi comprar um Fusca 66, absolutamente original, de um único dono, sem qualquer trabalho de funilaria a ser feita, e um Maverick GT 75; em péssimo estado de conservação, mas do qual foi possível tirar a mecânica completa. Ambos os carros foram totalmente desmontados, de um lado ficou a mecânica do Maverick, de outro a carroceria do Fusca, separada de sua plataforma (chassi e assoalho).

Aí teve início a parte mais delicada do trabalho: a construção de um chassis tubular especial, com desenho e pontos de fixação da carroceria idênticos ao da plataforma original mas bem mais reforçado, para suportar o motor V8. A maior diferença encontrada no centro do chassis, onde desapareceu o túnel, além de terem sido incluídas duas barras transversais, uma delas usada para apoio do câmbio. Este novo chassis foi feito em tubos de aço de seção retangular, com paredes de 3,5 mm de espessura, sendo leve (pesa só 43 kg) e resistente ao mesmo tempo, não sofrendo problemas de torção.

Na adaptação, a parte de câmbio e diferencial foi a mais simples, sendo transplantada do Maverick GT para o Fusca. Tudo foi mantido como estava, sem qualquer alteração, apenas passando por uma completa revisão em que todas as peças que apresentavam sinais de desgaste foram trocadas (embreagem, anéis sincronizadores, coxins etc). Assim o câmbio foi praticamente refeito, bem como o conjunto do diferencial, o que assegurou seu perfeito funcionamento. Ao construir o novo chassis, foram introduzidas duas barras transversais, e uma delas serviu, como tinha sido previamente projetado, para ponto de apoio do câmbio. Dele sai o cardã, que foi encurtado e corre por baixo da plataforma em direção ao diferencial do Maverick, já que não foi reproduzido o túnel original do Fusca.

Na revisão do conjunto foram mantidas as relações originais das quatro marchas (câmbio com alavanca no assoalho), da mesma forma como não foi alterada a relação coroa/pinhão, todas elas sendo as que equipavam originalmente o Maverick GT quando saiu da fábrica.

Para a suspensão (dianteira e traseira), após muito estudo e pesquisa, a escolha recaiu sobre as do Opala seis cilindros. Na dianteira soldou-se ao chassis novo um subchassis dianteiro completo do próprio Opala, que atua também como apoio do motor. A bitola foi reduzida em cerca de 16 cm (foi retirado um pedaço do subchassis e soldadas as duas metades), sem contudo modificar molas e amortecedores, que continuam originais. A suspensão traseira também é derivada do Opala, mas os tensores superiores (do Opala) foram encurtados para ficar com a mesma medida da bandeja inferior, enquanto molas e amortecedores foram substituídos pelas dianteiras da pickup Chevy 500.

Para o sistema de freios, usou-se na frente discos ventilados de Opala e na traseira os tambores do Maverick, mas com uma modificação nos cilindros de rodas: o diâmetro foi reduzido de 22,2 mm para 17 mm (trabalho feito por torneiro), para evitar travamento prematuro das rodas traseiras(a outra solução teria sido incluir uma válvula equalizadora no eixo traseiro). Para um acionamento mais suave de todo 0 sistema, foi montado um servofreio de Opala. Ouanto ao freio de estacionamento, usou-se um do Corcel II, com acionamento transferido para baixo do painel.

OO motor V8 tirado do Maverick já estava bastante rodado, e antes de ser remontado, Paulo optou por uma retifica completa, que foi feita pessoalmente, obedecendo as características originais do motor, sem qualquer modificação. "Quase 200 cv já e muita potencia para um Fusca" - diz Paulo, "não preciso de mais cavalos." Mas a colocação do V8 foi complicada, pois foi preciso encontrar lugar para o radiador, ate que o problema foi resolvido com uma solução radical: o sistema de arrefecimento foi transferido todo para trás onde ficava o motor VW original! O radiador usado e um de Opala 4100 com. ventoinha elétrica, contando também com ventilação forçada por meio de uma coifa em alumínio localizada na parte inferior traseira do Fusca que capta ar sob o carro e o direciona para o radiador. Uma coifa semelhante foi feita na dianteira para criar fluxo de ar ao redor do motor. O liquido de arrefecimento circula do radiador para o motor por meio de tubos de cobre e, de acordo com Paulo, o carro "nunca apresentou problemas de superaquecimento".

Mantida original, por fora, a carroceria do Fusca foi então montada no chassi e recebeu caixas de ar laterais novas e um assoalho também novo, sendo tudo soldado ao conjunto, que ganhou assim maior rigidez torcional.



A parte interna do porta-malas dianteiro, onde se localizava o tanque de combustível original, foi devidamente recortada e modificada para alojar o V8; a traseira, onde ficava o motor VW original, foi alterada para receber o radiador. Logo surgiram dois problemas: a coloca~ao da pedaleira e da caixa de direção. A pedaleira usada, do Maverick, e de tipo suspenso e exigiu a construção de um suporte metálico soldado a "parede-de-fogo" enquanto a caixa de direção apresentou um problema que, a primeira vista, pareceu insolúvel: não cabia em lugar nenhum! Apos muito estudo e testes, surgiu a solução: foi usada uma caixa de direção de Fiat Uno (pinhão e cremalheira) colocada sob o motor e uma barra com quatro cruzetas, alem de um corte na cremalheira e redução de comprimento dos braços.

Completando as modificações, a bateria (de 54 A.h e 12 volts) saiu de baixo do banco traseiro e foi mais para trás, sendo instalada junto ao radiador; o tanque de combustível usado e da Kombi diesel, de 46 litros, mas agora colocado atrás do banco traseiro, onde havia um espaço vazio. As rodas são um dos únicos pontos destoantes no aspecto externo, sendo usadas as de aço, originais do Opala, com pneus Firestone F560 185/14 na dianteira e 195/14 na traseira. As demais alterações externas foram: capo dianteiro (foi usado o dos modelos a partir,de 70) e o capo traseiro, com aletas para saída do ar quente do radiador.

Aliás, como não foi feita ainda a pintura definitiva, o Fusca exibe uma aparência de "porta de tinturaria": capo dianteiro ainda "no fundo", capo traseiro branco (foi aproveitado de outro Fusca), parte da porta direita exibindo um teste de pintura em azul. E todo o resto ainda com a cor vermelha original, a espera de uma cuidadosa pintura geral.

De acordo com o proprietário, que afirma ainda não ter chegado a andar no limite do carro, a velocidade máxima alcançada por enquanto foi quase de 200 km/h, indicada no velocímetro de Maverick que foi instalado no painel em lugar do original. O painel devera ainda receber outros instrumentos, como por exemplo um marcador de temperatura, para manter o potente motor 302 V8 sob controle. Ouanto a aceleração de zero a 1 00 km/h, esta em cerca de seis segundos, e o consumo, uma vez perfeitamente regulado, e estimado em 10 km/litro, andando em estrada sem exigir.a fundo o motor V8. Mas e pouco provável que Paulo resista a abusar da potencia desse motorzão. E quem resistiria?
Reportagem originalmente editada pela revista Oficina Mecanica.

Motigo